Estou escrevendo para agradecer a vocês por algo que fizeram há mais de 10 anos. Quando vocês me deram a oportunidade de estudar inglês numa escola especializada na língua, eu, para falar a verdade, não fiquei muito animado. Já tinha aulas na escola de regular, mas que eram muito monótonas e que pareciam não levar a muito, já que passávamos boa parte do tempo apenas decorando verbos e suas formas no pretérito.
E, antes de começar as aulas na Cultura, eu morria de medo de não conseguir acompanhar, pois me contaram que as aulas seriam totalmente em inglês e tudo que eu sabia eram algumas palavras e verbos decorados. Na minha mente de criança, seriam apenas aulas extras que tirariam meu tempo de fazer o que eu gostava, como assistir desenhos e jogar bola com amigos.
Mas não poderia estar mais errado. Não só fui muito bem recebido como as aulas foram muito divertidas e que pareciam acabar rapidamente. Toda estrutura e professores foram excepcionais e só percebi isso de uns anos para cá quando conheci o ensino público, onde nem sempre o professor sabe ou se esforça para lecionar da melhor forma para o aprendizado.
Além de tudo isso, foram nas aulas que fiz uma amizade para a vida toda com o Matheus, com o qual divido apartamento atualmente em São Carlos fazendo faculdade.
Em 2023, tive a oportunidade de viajar para alguns países da Europa como a Inglaterra, Alemanha e França. Foi a primeira vez que realmente precisei falar inglês e meu irmão, que estava morando em Londres, estava preocupado se eu iria conseguir me virar. Eu desci no aeroporto de Londres e não estava conseguindo comprar o bilhete de metrô. Estava sem internet e fui pedir ajuda a funcionária, que apesar do sotaque fui capaz de entender tudo que ela dizia e até a convenci de que realmente não havia como eu comprar o bilhete (o que meu irmão disse ser muito difícil, pois eram bem inflexíveis e não solícitos) e ela me assinou um termo para andar no metrô de emergência.
Em outra situação, peguei um ônibus da Flixbus (conhecido por ser questionável pelo que ouvi dos locais) e que, no meio do trajeto, me deixou às 2h30 da manhã num lugar deserto em uma cidade da Áustria. Perguntei direções ao motorista de como chegar à estação de trem onde eu iria pegar a conexão para a próxima cidade, mas infelizmente o motorista não falava inglês, apenas alemão, e senti um leve desespero. Mas, felizmente, consegui pedir ajuda a outro passageiro que me auxiliou.
Percebi naquele momento o quão importante foi ter aprendido inglês, pois sem isso a situação de ficar perdido e não conseguir pedir ajuda ao motorista poderia ter sido muito, muito frequente na viagem toda, visto que ficava sem internet frequentemente (não podia ficar dependente do tradutor do celular).
As situações foram inúmeras, mas percebi o quão útil e de qualidade foram as aulas de inglês da Cultura.
Esse ano tive a oportunidade de ir ao Canadá, pois meu irmão havia se mudado para lá. Mais uma vez experienciei falar inglês com pessoas que a tinham como única língua e foi tudo muito bem. Em ambas as viagens, meu inglês foi muito elogiado tanto por nativos da língua como estrangeiros, e eles diziam ser de alto nível.
No Canadá, eu tive convívio com muitos brasileiros que imigraram para trabalhar sem inglês. Muitos deles eram explorados, pois como só falavam português, apenas trabalhavam com outros brasileiros que se aproveitavam da vulnerabilidade e limitação de empregos em que poderiam atuar devido à falta do idioma para explorá-los. E, mesmo os que faziam cursos por lá, ficavam impressionados com o nível que eu tinha apenas aprendendo no Brasil.
E por isso só tenho a agradecer a vocês que me deram essa oportunidade de estudar essa língua maravilhosa numa escola de excelência e num período ótimo da vida para se aprender uma segunda língua. As possibilidades que isso me traz eu só consigo ver agora que cresci e fico muito, muito grato mesmo por tudo, Junior e Marta.
Estou no final da faculdade e fico muito contente também que sempre que aparecem vagas que pedem inglês como pré-requisito eu posso me inscrever sem medo. Tenho muita vontade de no futuro viver um tempo no exterior e muito desse sonho só é possível graças a vocês.
Com carinho e gratidão,
João Vitor Ricco Verzemiassi